Paulo Cunha, CEO da iHUB |
Como a curva de juros se comporta? No caso da renda fixa, quanto mais altos os juros, mais atraentes os investimentos nesse segmento. Isso acontece por conta da rentabilidade, consequentemente, a taxa oferecida pelos papéis aumenta. De maneira mais direta, as aplicações de renda fixa pré-fixadas, depois os indexados a IPCA+ são influenciados fortemente. Nos demais ativos, a curva afeta de maneira indireta, com um impacto negativo. Para as ações, os juros mais altos encarecem o custo das dívidas das empresas, prejudicando suas margens de lucro e, em muitos casos, até mesmo fazendo algumas empresas se endividar e terem grandes problemas contábeis. Já o Bitcoin, assim como outros ativos de risco, também costuma responder de forma negativa, uma vez que juros maiores costumam vir acompanhados de uma maior aversão ao risco. Até mesmo os imóveis tendem a sofrer, primeiro porque o crédito mais caro restringe as vendas e acaba diminuindo o preço para quem precisa vender. Sob a ótica do investidor, como a renda fixa fica mais rentável, a rentabilidade do aluguel pode ficar menos atraente do que deixar o dinheiro aplicado.
Como analisar os juros futuros? “Geralmente, se observa a curva de hoje comparando-a com os preços que estavam sendo praticados em períodos anteriores, uma semana atrás, um mês atrás, por exemplo. Se a curva hoje está mais baixa do que na semana passada, temos uma tendência de queda dos juros e isso pode estar beneficiando ativos de risco. Se a curva está mais alta, possivelmente está penalizando os ativos de risco, assim como o custo de empréstimo para as empresas e para o mercado”, explica o CEO. Não existe nenhum órgão delimitando a variação da curva de juros. Ela é dada pelo próprio mercado conforme as operações são realizadas diariamente, assim como na Bolsa. O Banco Central atua apenas nos juros a vista, que valem para aplicações pós-fixadas de um dia útil para o outro.
Existe uma curva de juros negativa? O termo, “curva de juros negativa” não existe; o que pode acontecer são os juros nominalmente negativos que, em tese, um valor é aplicado e o recebimento é menor quando a aplicação vencer, pode vir a ocorrer em momentos de deflação e de tentativa dos Banco Centrais em aquecer a economia. O que se caracteriza como comum são os juros reais negativos, que são os juros em patamares menores que a inflação. Portanto, isso faz com que o aplicador perca valor de compra. “Os vencimentos e decisões das empresas e investidores sempre levam em conta os juros futuros, que são formados pelo mercado conforme explicado. Portanto, curiosamente, fazer o Banco Central diminuir o juros à vista pode fazer com que os juros futuros tenham um crescimento e causem o efeito inverso ao esperado”, finaliza Paulo.
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