Levantamento inédito do JUSTA mostra falta de clareza nos critérios de participação popular na construção do Plano Plurianual de São Paulo ao longo dos anos a JUSTA defende participação efetiva da sociedade civil no debate do PPA e melhoria na formulação dos indicadores para garantir transparência e monitoramento das políticas públicas. São Paulo, 4 de maio de 2023 – Levantamento inédito do JUSTA, organização que analisa dados do financiamento e da gestão do Sistema de Justiça, revela que das 1915 propostas enviadas pela sociedade civil em audiências públicas que debateram o último Plano Plurianual do estado de São Paulo, referente 2020-2023, 24% não tiveram aderência ao contexto do documento e foram descartadas. Além disso, das 994 propostas da sociedade civil que foram sistematizadas, 19% foram rejeitadas. Para os pesquisadores do JUSTA, os dados revelam a falta de clareza do governo estadual em relação aos critérios considerados para contemplar as sugestões da sociedade civil nas discussões sobre o PPA estadual. “O Plano Plurianual é um dos principais fios condutores do desenvolvimento socioeconômico do estado, sendo fundamental a participação efetiva da população para contribuir com o mapeamento do que precisa ser feito e de quais as prioridades para melhorar a qualidade de vida de todos. Mais do que cumprir com a legislação, que determina a participação popular nessa construção, é necessário trazer maior clareza quanto aos critérios para classificação das propostas enviadas e melhorar a transparência desse processo”, defende a diretora-executiva do JUSTA, Luciana Zaffalon. O calendário de audiências públicas para debate do PPA 2024 -2027 de São Paulo se inicia nesta quinta-feira (04/05) e vai até o dia 1º de junho, quando a população terá a oportunidade de contribuir com a construção do plano. No entanto, as audiências serão apenas virtuais, o que, na avaliação do JUSTA, é um limitador relevante para a participação popular. Além disso, a metodologia de trabalho não foi divulgada pelo governo estadual. O JUSTA sugere que, além de melhor informar a população sobre como participar, os resultados das audiências públicas sejam sistematizados de forma clara e eficiente, publicizados para conhecimento de todos e, quando incluídos no PPA, estejam identificados. A organização destaca ser necessário, ainda, melhorar a qualidade de elaboração dos indicadores de impacto, resultado e de produto, para que sejam claros, detalhados e coerentes, garantindo a possibilidade de fiscalização do que o governo se comprometer a realizar entre 2024 e 2027. Para isso, a qualidade dos indicadores pode ser debatida nas próprias audiências públicas, além de avaliada e aprimorada pelos parlamentares quando o PPA chegar à Assembleia Legislativa, em agosto. Nesse sentido, o JUSTA entregará aos deputados e deputadas estaduais material com avaliação dos últimos PPAs e recomendações de melhoria para a construção coletiva desse plano. “A discussão sobre o orçamento estadual é fundamental para que a população defina prioridades e faça valer seu voto. É uma ferramenta importante em nossa democracia, mas que não é levada a sério pela maioria dos administradores públicos”, aponta Luciana Zaffalon.
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