"Ele ficava muito no quarto, achei que estava seguro." A frase marcante da série Adolescência, da Netflix, revela uma realidade alarmante: a exposição excessiva à internet pode ser um risco para a segurança e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Com 93% da população brasileira entre 9 e 17 anos conectada à internet, segundo a pesquisa TIC Kids Online 2024, o que podia ser visto como um espaço protegido tornou-se, muitas vezes, a porta de entrada para violências silenciosas — mas muito reais. A presença massiva de crianças e adolescentes no ambiente digital escancara um desafio urgente: como proteger indivíduos em desenvolvimento em um território tão propício para a propagação de conteúdos inadequados e danosos? Apesar de muitas vezes serem chamados de “nativos digitais”, meninos e meninas nascidos após a massificação do acesso à internet também enfrentam dificuldades emocionais e cognitivas para lidar com o universo online, especialmente quando se tem pouca orientação e supervisão de um adulto responsável. A TIC Kids também aponta que 29% dos usuários de 9 a 17 anos relataram já ter vivenciado situações ofensivas, desagradáveis ou que os deixaram chateados na internet, mas apenas 8% dos responsáveis acham que as crianças ou adolescentes vivenciaram esse tipo de situação. O abismo entre o que é vivido e o que é percebido pelos adultos é um alerta. “O que a gente chama de violência on-line é tão real quanto a violência off-line.
O documento Segurança on-line de crianças e adolescentes: minimizar o risco de violência, abuso e exploração sexual on-line, publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (UNESCO) e pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), traz justamente essa reflexão: é papel dos pais, dos educadores e da sociedade educar crianças e adolescentes sobre o uso seguro da internet, estabelecer um diálogo aberto sobre experiências on-line e orientar o uso de dispositivos e plataformas digitais.O uso de inteligência artificial e de perfis de comportamento nas plataformas digitais também expõe jovens a conteúdos inadequados, mesmo quando eles sequer os buscaram. Os algoritmos não têm freio etário. E o acesso precoce à tecnologia, muitas vezes sem qualquer mediação, transforma o ambiente on-line num terreno fértil para violências simbólicas, sexuais ou psicológicas.
Busque materiais educativos, como os vídeos da campanha Defenda-se, para trabalhar esses temas em casa ou na escola.
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