Segundo ele, o uso inteligente dos dados contábeis permite planejar metas com mais precisão, melhorar a performance financeira e reduzir riscos tributários. “A contabilidade consultiva deixou de ser uma promessa e passou a ser uma necessidade para empresas que querem crescer de forma sustentável”, afirma.
O modelo tradicional, focado no cumprimento de obrigações fiscais e registro de transações, tem sido progressivamente substituído por práticas consultivas, que agregam análise, projeções e planejamento. Um levantamento da consultoria PwC aponta que 67% das empresas brasileiras já utilizam informações contábeis para suportar decisões de médio e longo prazo, um salto de 18 pontos percentuais em relação a 2021.
No SERAC, que atende mais de 10.000 clientes recorrentes em 20 estados, a transformação desse modelo contábil tem sido aplicada em empresas de diversos portes. “Nossa atuação deixou de ser reativa. Hoje, entregamos relatórios com cruzamentos de dados, análises preditivas e simulações de cenários para orientar o cliente sobre os caminhos mais eficientes, tanto no aspecto tributário quanto na expansão dos negócios”, explica Jhonny Martins.
Diferença entre contabilidade tradicional e consultiva
Na contabilidade tradicional, o foco está em registrar fatos contábeis e garantir conformidade com a legislação. Já a consultoria atua de forma ativa na gestão. “Ela antecipa problemas, mostra caminhos e promove ajustes que impactam diretamente o resultado final”, diz Martins. Entre as ferramentas utilizadas estão dashboards com KPIs financeiros, inteligência artificial para análises fiscais e plataformas que integram dados operacionais com informações tributárias.
Para o executivo do SERAC, o diferencial da contabilidade moderna está na capacidade de fornecer informações acionáveis. “Com relatórios precisos e atualizados, conseguimos apoiar decisões de precificação, contratação, investimento e expansão geográfica”, afirma. Um exemplo citado é o caso de uma rede de óticas cliente do grupo que, com base nos dados contábeis e fiscais, conseguiu realocar unidades deficitárias e elevar o lucro líquido em 28% no período de um ano.
Outro exemplo envolve um e-commerce do setor de moda que revisou sua estrutura tributária com base em estudos do SERAC. “Só com o planejamento tributário, conseguimos reduzir a carga em 22%, sem qualquer manobra de risco, apenas aproveitando o que a lei permite”, reforça Martins.
A contabilidade consultiva também permite a definição de metas de forma mais racional. Segundo dados da Deloitte, empresas que utilizam relatórios financeiros como base para definição de metas têm 33% mais chances de atingi-las com regularidade. “Ao entender a curva de receita e os custos por cliente ou por canal de venda, por exemplo, a empresa pode definir metas realistas, desafiadoras e alinhadas ao potencial do negócio”, detalha o vice-presidente do SERAC.
Contador como conselheiro estratégico
A evolução da contabilidade tem reposicionado o papel do contador dentro das empresas. De executor de tarefas técnicas, ele passa a ser um conselheiro estratégico. “A proximidade com os dados e com os números permite ao contador enxergar o que está por vir. Quando essa análise chega antes da crise ou da oportunidade, o impacto é imenso”, destaca Martins.
Além disso, a adoção de tecnologia e automação liberou os profissionais da área para atividades mais analíticas. Ferramentas como ERPs integrados, APIs de conexão entre plataformas e sistemas fiscais com inteligência artificial permitem que o trabalho de apuração e conferência seja feito em segundos, enquanto o profissional se dedica a interpretações e orientações.
Para Martins, a tendência é que, em poucos anos, a contabilidade tradicional seja totalmente substituída por modelos consultivos. “Quem continuar apenas registrando informações vai desaparecer do mercado. O empresário quer resultado, previsibilidade, inteligência de negócio e é isso que a contabilidade consultiva entrega”, finaliza.