Cia. Sansacroma apresenta o espetáculo "Carvão" no Centro Cultural Olido

Após uma belíssima estreia com sucesso de público no Sesc Consolação, além de passar por São Carlos, Piracicaba e Diadema, a Cia. Sansacroma - uma das companhias de dança contemporânea preta mais importantes de São Paulo -, apresenta o espetáculo “Carvão” nos dias 21 e 22 de agosto, quinta e sexta, às 19h, com entrada gratuita, na Sala Paissandú do Centro Cultural Olido. O grupo apresenta uma coreografia-manifesto que investiga as narrativas do amor negro como ato político, filosófico e ancestral, atravessado por violências históricas e persistentes.
Inspirado nos pensamentos da autora bell hooks, o espetáculo entende o amor não como romantização, mas sim, como uma prática de liberdade. Amar, para corpos negros, é um gesto radical de resistência à desumanização e uma recusa ativa às lógicas coloniais que tentam romper e apagar os laços afetivos e comunitários.
A obra parte da simbologia do carvão, aquilo que foi queimado, mas não destruído; uma matéria que resiste e permanece viva. Por meio dos movimentos de cinco intérpretes criadores em cena e da performance musical eletrônica ao vivo, o espetáculo constrói um território de afetos forjados entre cicatrizes e renascimentos.
Renato Nogueira, referência em estudos sobre afetos, diversidade, ancestralidade e pensamento crítico, nos lembra que o corpo negro é tempo de travessia, e que a ancestralidade pulsa como horizonte e origem. Em “Carvão”, o tempo se dobra e a coreografia se constrói sobre camadas de memória, onde o amor é rito de cura, de reinvenção e de insubmissão.
Os corpos em cena carregam a densidade das marcas do racismo, do que foi atravessado e a leveza de um afeto que insiste. A água, elemento cênico que dialoga com a densidade do carvão, representa o fluxo da ancestralidade e a possibilidade de cura. “É rio que carrega cinzas, lágrima que rega a terra, maré que embala os afetos negados, mas jamais apagados. A água tensiona sem silenciar, cura sem apagar e dissolve para transformar”, complementa Gal Martins.
Assim como o amor negro, ela escorre entre as frestas da história para inundar o agora com potência de vida. “Carvão” é uma dança feita de cicatriz e fluxo, de resistência mineral e correnteza ancestral. É um espetáculo que afirma o direito inegociável ao afeto negro, reivindica a completude do amor como prática coletiva. Porque, como diz bell hooks, “o amor é a única prática que pode nos levar além do medo - e o amor negro, mesmo queimado, não se rende: acende, renasce e transborda”.
Após as apresentações no Centro Cultural Olido, a Cia. Sansacroma convida o público presente para uma roda de conversa. Na quinta (21), às 20h: Amor Comunitário e Resistência, com Erica Malunguinho e mediação de Gal Martins e; na sexta (22), às 20h: Amor Romântico - as histórias mal contadas, com Andreone Medrado e mediação de Bruno Novais.
A circulação do novo espetáculo da Cia. Sansacroma será pelo edital Fomento CULTSP PROAC nº 23/2024, de PRODUÇÃO E TEMPORADA DE ESPETÁCULO DE DANÇA INÉDITO NO ESTADO DE SÃO PAULO nas cidades de São Carlos, Piracicaba, Santos e Diadema.
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